Todos
os dias somos atualizados sobre a situação dos profissionais que estão na linha
de frente que atendem os pacientes diagnosticados com COVID-19. E onde estão os
outros profissionais? É possível fazer ciência mesmo com as atividades
acadêmicas das universidades suspensa?
A
publicação da Portaria Nº639/2020 do Ministério da Saúde traz uma lista de
profissões que são consideradas para a área da saúde (Art. 1º e 1º . Essa portaria revelou para a população a
interprofissionalidade necessária para auxiliar na atenção terciária
(hospitalar). A valorização de profissões que até então eram insistentes ou
muito tímidas, ao ponto de passar despercebido, em alguns locais. Esses
pesquisadores colocam em prática a ciência básica. Costumo dizer que a ciência
básica-clínica são indissociáveis, uma não deve sobrepor a outra, devem andar
juntas. Afinal, de que adianta diagnóstico sem tratamento: é necessário
entender o mecanismo de ação dos fármacos, compreender a fisiopatologia, a
epidemiologia, etc. Por isso, mesmo com as atividades acadêmicas (aulas)
suspensas nas universidades alguns pesquisadores estão com seus laboratórios a
serviço para conhecer melhor os mecanismos de ação o vírus, para realização de
diagnósticos, para desenvolver vacinas, e testando medicamentos com mecanismos
de ação já conhecidos para otimizar o tempo.
Mas,
outros profissionais possuem uma atuação oculta aos olhos da sociedade. Apesar
de não precisarem de uma face shield para encarar o vírus, eles precisam
encarar diariamente uma chuva de reuniões online, grupos e comissões de crise e
articular com diferentes equipes soluções educativas e estratégias para ajudar
a população (local ou global) e estudar bastante. Nesse período alguns
pesquisadores trocaram bancada no laboratório pela bancada (mesa) da sala de
jantar e estão organizando estudando as publicações (artigos científicos) que
saem diariamente sobre as mais diferentes áreas em que o vírus tem atuado.
Dessa forma, é possível organizar revisões científicas (uma compilação
histórica) do que já se conhece sobre determinado tema da COVID-19, o auxilia
no direcionamento de pesquisadores que estão na bancada.
Nesse
período de pandemia, não se estuda apenas COVID-19, todas as ciências estão em
profundo estudo e os pesquisadores se adaptando para realizar seus trabalhos. O
home lab tem proporcionado a retomada de muitos trabalhos científicos já que
resultados estão sendo analisados e publicados e isso também é uma maneira de
fazer ciência. Parcerias estão sendo articuladas, as redes sociais estão há um
click de distância e durante uma live qualquer pessoa pode te acesso aquele
pesquisador com expertise do interesse de sua pesquisa seja para uma dúvida,
seja para uma parceria direta em seu projeto de pesquisa. Novos insights estão
surgindo para participação em editais de financiamento a pesquisa o que demanda
mais trabalho (sim, estudar é trabalho!) dos grupos que estão se unido e
reunido (virtualmente) para essa construção. Com o aumento de artigos
submetidos, também aumenta o número de artigos para serem revisados. É possível
constatar que o trabalho não parou, na verdade esta intensificado.
A
adaptação a pesquisa em home lab também permeia a ciência do ambiente familiar,
pesquisadores (as) que são pais/ mães. Esses estão se reinvetando para atender
as demandas do lar, da família e da pesquisa. É possível encontrar dicas,
atividades pela internet. Particularmente, gostei da criação de um planner de
atividades para os pequenos, afinal já dizia meu pai “há tempo para tudo, se
você está sem tempo é porque não está se organizando”. Além disso, muitos
professores da rede básica estão elaborando aulas e atividades para que os
alunos não percam o ritmo de estudos. Acompanho alguns perfis de professores,
principalmente os de ciências e biologia, nas redes sociais e está tem sido uma
ferramenta de educação prática e eficaz para tirar dúvidas, discutir temáticas
e compartilhar estratégias educacionais.
Aproveite
esse momento para compartilhar com as pessoas a sua bancada em home lab,
explique a população a sua pesquisa, aprenda a organizar os seus horários assim
como faz para sua família, curta os seus momentos de descanso e com seus filhos
e sua família sem se culpar. Esses profissionais que fazem ciências estão em
uma linha de frente oculta, silenciosa, mas extremamente eficaz e que deve ser
(re)conhecida e valorizada por toda a sociedade.
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